Diário Financeiro

19 de Julho de 2017
Diário Financeiro 20.07.2017

Os mercados estão em expectativa face à reunião de hoje do BCE, sendo que poderá ainda ser cedo para a divulgação de detalhes quanto ao início da redução do programa de compra de activos. Draghi deverá reforçar a mensagem do discurso feito em Sintra, preparando os investidores para um possível anúncio em Setembro. Nesta perspectiva, o euro tem vindo a moderar os ganhos face ao dólar, estando a negociar abaixo do máximo registado na terça-feira (1.1583).

Em Portugal, os últimos dados apontam para um reforço da actividade económica no 2º trimestre. O indicador da actividade económica do INE mostrou um aumento de 3.0% yoy em Maio, o que constitui um máximo de 16 anos; o principal impulso vem da indústria e dos serviços. Por outro lado, o consumo privado seguia em Junho a aumentar 2.5% em termos homólogos, uma aceleração de 0.2 p.p. face a Maio. O Banco de Portugal divulgou igualmente dados, no caso da balança corrente e de capital, que mostraram uma ligeira deterioração. Registou-se um défice de EUR 447 milhões até Maio, pior em EUR 110 milhões em comparação com o mesmo período de 2016. Esta deterioração resultou em particular de um défice bastante mais alargado da balança de bens: piorou em EUR 1108 milhões, principalmente devido ao aumento das importações de bens de capital, o que corrobora o cenário de significativo aumento do investimento em 2017. Por outro lado, a balança dos serviços compensa parcialmente, ao exibir um saldo positivo EUR 577 milhões mais elevado, resultando em particular das exportações de serviços relacionados com turismo, que aumentaram em mais de EUR 800 milhões. Ontem ocorreu também uma emissão de dívida de curto-prazo por parte do IGCP, tendo sido emitidos EUR 1750 milhões a taxas de juro mais baixas. Foram emitidos EUR 500 milhões a 6 meses e EUR 1250 milhões a 12 meses, registando ambas as emissões juros ainda mais negativos do que em emissões anteriores.

A agência Moody’s divulgou um relatório em que considera que existe um risco substancial de não haver acordo para o Brexit ao fim dos dois anos. A segunda ronda de negociações tem decorrido esta semana, sem grandes frutos até agora, e mesmo dentro do Reino Unido Theresa May deverá enfrentar resistências na discussão da Repeal Bill, tanto na Câmara dos Comuns, como na Câmara dos Lordes, onde não tem maioria, precisando igualmente do assentimento dos parlamentos escocês e galês.