Diário Financeiro

29 de Março de 2017
Diário Financeiro 30.03.2017

O Banco de Portugal reviu em alta as previsões para o crescimento da economia portuguesa, suportado numa melhor dinâmica interna no final de 2016 e início de 2017, juntamente com uma conjuntura internacional ligeiramente mais favorável. Em 2017, espera-se que a economia acelere o crescimento para um valor em torno dos 1.8%, o que seria a expansão mais rápida desde 2010, altura em que o PIB avançou 1.9%. A previsão anterior, actualizada em Dezembro do ano passado, esperava um aumento do PIB de 1.4%. Foi também revista em alta a expectativa para o crescimento em 2018 e 2019, respectivamente, em uma e duas décimas, para 1.7% e 1.6%. Além disso, é esperada também uma evolução ligeiramente mais favorável do mercado de trabalho, que deverá permitir que este baixo dos dois dígitos, registando uma média de 9.9% durante o ano (10.1% na previsão anterior). O decréscimo deverá ser um pouco mais moderado em 2018 e 2019, permitindo ainda assim uma trajectória continuada de descida para os 7.9% em 2019, um nível apenas ligeiramente acima da média de 7.6% registada em 2008. Também na actividade económica só em 2019 é atingido um nível do PIB semelhante ao de 2008, o que ilustra a gravidade da crise vivida na economia portuguesa. O consumo privado observará uma evolução relativamente semelhante ao PIB, aumentando 2.1% em 2017, e 1.4% em 2018 e 2919. As exportações continuarão a ser, em grande parte, o motor da economia, tendo um contributo maior sempre mais significativo para o crescimento, quando consideradas líquidas de conteúdo importado. É esperado que estas cresçam 6.0% em 2017, 4.8% em 2018 e 4.5% em 2019, com vários factores a justificar esta expectativa: por um lado, o turismo deverá continuar a registar um comportamento bastante positivo, favorecido por importantes eventos em 2017; além disso, as exportações de bens terão certamente um desempenho mais suportado, tendo em conta a dissipação de alguns factores negativos (diminuição da procura externa com origem em Angola, paragens da refinaria de Sines, transição de modelos automóveis na fábrica da Autoeuropa). Finalmente, o desvanecimento de alguns factores de incerteza internos e a normalização do ciclo de fundos europeus deverão permitir uma recuperação considerável do investimento, que deverá crescer 6.8% em 2017.