Apresentação do Relatório Anual

Senhores Acionistas, Clientes e Colaboradores,

Em 2018, o crescimento económico na Zona Euro desacelerou para 1.8% (2.5% em 2017). Para 2019, a Comissão Europeia estima que a economia cresça 1.3%.

A taxa de inflação situou-se em 1.6% em 2018, aquém do objetivo do banco central, e a política monetária manteve o cariz fortemente acomodatício. No atual contexto de desaceleração da economia e reduzido nível da taxa de inflação atribui-se maior probabilidade a que as taxas diretoras não sofram alterações antes do primeiro trimestre de 2020. Neste quadro as taxas Euribor mantêm-se próximo dos mínimos históricos.

Em 2018, o crescimento da economia portuguesa desacelerou para 2.1% (-0.7 p.p. face a 2017), refletindo uma procura externa menos dinâmica. Por seu turno, o consumo privado continuou robusto, suportado pela criação de emprego. O mercado de trabalho continuou a evoluir de forma positiva, tendo a taxa de desemprego caído para 7.0%, menos 1.9 pontos percentuais do que em 2017. A população empregada cresceu 2.3% em 2018, tendo a melhoria sido impulsionada pelo setor dos serviços, nomeadamente os relacionados com o setor público.

A orientação da economia portuguesa, agora mais virada para o exterior, a par da melhoria da confiança das famílias e empresas e da recente dinâmica da construção, impulsionou a recuperação do investimento que em 2018 cresceu 4.4%, destacando-se o avanço de 6.0% do investimento em equipamento e material de transporte, de 3.1% em construção e de 4.9% em I&D.

A taxa de inflação média foi de 1.0%, menos 0.4 pontos percentuais do que em 2017.

A conjuntura económica suportou também a consolidação fiscal, cujo défice deverá ficar em torno de 0.7% do PIB em 2018. Refletindo a evolução favorável das finanças públicas e a confiança dos investidores internacionais nas perspetivas económicas do país, as três principais agências de rating reviram a notação de Portugal e colocaram-no no grau de investimento.

Os últimos indicadores sugerem que a economia portuguesa deve manter um ritmo de crescimento robusto, mas inferior ao de 2018 estimando-se para 2019 um crescimento inferior a 2.0%. Foi este o enquadramento económico em que o Banco BPI desenvolveu a sua atividade em 2018, alcançando resultados muito bons quer do ponto de vista contabilístico quer em termos de desempenho comercial. Disso dará conta o Presidente da Comissão Executiva na sua mensagem, e quero desde já felicitá-lo bem como os restantes membros da Comissão Executiva e todos os Colaboradores do Banco, pelo trabalho realizado num contexto muito exigente do ponto de vista regulatório, e de supervisão, de integração no grupo CaixaBank, e de concorrência cada vez mais agressiva no sector bancário português. 

Acrescentarei de seguida alguns comentários sobre quatro pontos que marcaram a vida do BPI no exercício de 2018.

  1. Em fevereiro, o Banco BPI e o respetivo Fundo de Pensões, acordaram vender à VIOLAS SGPS, as suas quotas na VIACER, sociedade que detém 56% do capital social da SUPERBOCK GROUP. Como consequência desta operação, o grupo português VIOLAS aumentou a sua participação na VIACER de 46.5% para 71.5%, passando a controlar a maioria do capital social da SUPERBOCK GROUP, a maior empresa de cervejas portuguesa. O valor global da transmissão das referidas quotas foi de 233 milhões de euros. Conjugando os fluxos históricos com o valor de venda à VIOLAS SGPS, a taxa de rentabilidade deste investimento para o Grupo BPI foi de 14% ao ano desde 1993.

    Esta venda insere-se na estratégia do grupo CAIXABANK de se focar plenamente na atividade bancária e de seguros, e apraz-me registar que tenha sido possível manter em mãos portuguesas o controle do SUPERBOCK GROUP, por intermédio do Grupo VIOLAS, um parceiro exemplar desde a fundação da SPI em 1981.
     
  2. Em maio o CAIXABANK e a ALLIANZ acordaram propor aos órgãos sociais do Banco BPI e da ALLIANZ PORTUGAL, que a viriam a aprovar, a reorganização da aliança de seguros em Portugal relativa à distribuição de produtos de seguro não-vida durante os próximos dez anos. Quanto aos produtos de seguro de vida da ALLIANZ PORTUGAL, o Banco BPI continua a distribuí-los até ao final do corrente ano. A partir de 2020 o Banco BPI começará a distribuir seguros de vida da BPI-Vida e Pensões, mas os contratos de seguros vida subscritos por Clientes do Banco BPI com a ALLIANZ PORTUGAL continuarão em vigor nos seus termos. O Banco BPI continuará a deter uma participação de 35% na ALLIANZ PORTUGAL. 

    É com grande satisfação que assinalo a reorganização da parceira de seguros com a ALLIANZ PORTUGAL iniciada em 1995, não obstante o Grupo CAIXABANK ser um dos, senão o maior operador no mercado segurador espanhol.
  3. Também em maio, o CAIXABANK anunciou a compra ao Grupo ALLIANZ de 8.425% do capital social do BPI, passando a deter 92.935% do mesmo. Na sequência desta aquisição o CAIXABANK desencadeou os mecanismos necessários à perda da qualidade de sociedade aberta por parte do BPI e a consequente saída de cotação das suas ações e anunciou a intenção de proceder à aquisição potestativa das ações remanescentes para alcançar 100 por cento do capital do Banco.

    No dia 14 de dezembro, com a decisão da CMVM de aprovar a perda da qualidade de sociedade aberta por parte do BPI, concluiu-se o primeiro daqueles processos, tendo as ações do BPI, a partir dessa data, deixado de estar cotadas.

    No dia 27 de dezembro concluiu-se o processo de aquisição potestativa das ações de que o CAIXABANK ainda não era titular, passando a partir dessa data a deter a totalidade do capital social do BPI.
    O preço pago pelo CAIXABANK ao Grupo ALLIANZ e oferecido a todos os restantes acionistas foi de 1.45 euros por ação 27.8% superior ao preço de 1.134€ pago na OPA concluída em fevereiro de 2017 na qual o CAIXABANK elevou a sua participação de 45.5% para 84.5% do capital do BPI.

    Detido a 100 por cento pelo CAIXABANK, o maior grupo financeiro a operar em Espanha, o BPI vê reunidas todas as condições para poder aproveitar na plenitude as sinergias e as oportunidades que tal situação potencia.
     
  4. Por último, mas muitíssimo relevante, uma palavra sobre responsabilidade social. O BPI reforçou consideravelmente em 2018 o seu compromisso social, através da afirmação de uma política de responsabilidade pública que marca a identidade da instituição desde os seus primeiros anos de atividade. A partir do último exercício, a intervenção social do Banco, coordenada por uma Comissão especializada do Conselho de Administração, presidida por Artur Santos Silva, começou a fazer-se em articulação com a Fundação La Caixa que, além do desenvolvimento dos seus programas próprios em Portugal, passou a associar-se ao BPI no apoio a projetos de instituições de solidariedade social e a iniciativas de instituições culturais, como a Fundação de Serralves e a Casa da Música. Em conjunto, os apoios do Banco e da Fundação totalizaram 15.16 milhões de euros, distribuídos por três grandes sectores: social, com 43%, cultura e educação (34%) e investigação e bolsas de estudo (23%). Este valor global deverá triplicar nos próximos três anos, mas situa-se já entre os mais relevantes na atividade filantrópica em Portugal, constituindo-se definitivamente como poderoso fator diferenciador da identidade do BPI, dificilmente replicável e bem representado no lema “criar valor com valores”, que inspira o Plano Estratégico 2019-21.

Fernando Ulrich