Start-up portuguesa melhora segurança nos espaços

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A Heptasense foi considerada a start-up portuguesa mais inovadora e com maior potencial de crescimento na categoria territorial sul e ilhas.
10-12-2018

“Sempre que alguém vir o símbolo da Heptansense numa câmara de videovigilância deve saber imediatamente que está num local seguro e sem a privacidade invadida”, é esta a ambição dos fundadores da Heptasense, Ricardo Santos (CEO) e Mauro Peixe (CTO). Distinguida com o Prémio EmpreendedorXXI na categoria territorial sul e ilhas, a tecnológica de Lisboa foi considerada a start-up portuguesa mais inovadora e com maior potencial de crescimento na região. A Heptasense foi ainda uma das finalistas ibéricas no setor das Tecnologias de Informação.

A Heptasense dispõe de uma plataforma na cloud e de um software avançado de reconhecimento tridimensional de gestos, que permite às empresas tirar partido das câmaras de segurança para melhorar a segurança nos espaços e saber mais sobre o comportamento dos consumidores para aumentar as vendas. Quanto à utilização da plataforma para segurança nos espaços, Ricardo Santos exemplifica com a prevenção de potenciais roubos em lojas de retalho, “como detetar alguém a esconder um produto no bolso”, prevenção rodoviária, “a detetar acidentes nas estradas”, e até prevenção de acidentes de trabalho, “por exemplo, verificar se as pessoas estão a adotar posturas incorretas”.

“A plataforma está a analisar o comportamento das pessoas, não só para deteção de ameaças, mas também para tentar perceber a forma como interagem com o ambiente que as rodeia”, salienta Mauro Peixe relativamente à segunda dimensão de utilização da plataforma. “Ao perceber como as pessoas se movimentam dentro de uma loja, é possível prever como será a forma ótima de dispor os produtos para aumentar a conversão e vender mais, isto de um modo que não seja empírico, mas com base em dados”.

A accuracy (exatidão) em conjunto com a privacy (privacidade) e a scalability (escalabilidade) são bandeiras da Heptansense. A empresa não ultrapassa a fronteira da privacidade, porque “ao contrário de outras empresas que utilizam a Inteligência Artificial (AI) para reconhecer caras, ou identificar pessoas e emoções, nós focamo-nos na análise do movimento do corpo e na interação com os objetos”, realça o CTO. “ Não estamos à procura de criar um histórico para a pessoa, interessa-nos o momento para dar o alerta ou criar uma estatística, tudo de forma anónima porque não guardamos dados nem vídeos de ninguém”.

Ambos são unânimes nas vantagens da “exposição mediática, tanto em Portugal, como em Espanha”, no seguimento do Prémio EmpreendedorXXI que impulsionou “contactos durante as interações com júris, outras empresas concorrentes, e, também, com investidores; embora não tenhamos fechado nenhuma ronda de investimento, por opção nossa.”

Ideia → clientes → produto → investimento: a ordem ideal

Segundo Ricardo Santos, “ o fundamental para uma start-up crescer não é conseguir investimento, mas perceber o que o cliente quer e desenvolver o produto nessa direção.” Os fundadores da Heptansense dizem mesmo que quem se aventura no mundo incerto das start-ups, “não precisa de ter um produto super viável de início, mas o suficiente para outras empresas ou parceiros perceberem se esse produto faz sentido, e só então investir.” E, sim, é possível ter clientes antes de se ter um produto final porque “é possível resolver um problema sem esse produto final”. “Dediquem-se a resolver problemas”, sintetiza Mauro Peixe, “porque as empresas vão querer apostar, experimentar e quando levantarem uma ronda de investimento, a start-up já não será simplesmente uma ideia, o que lhe permite ser mais sustentável”.

As motivações para a criação da empresa, que fará dois anos em Janeiro, são éticas e tecnológicas. Ricardo Santos qualifica como “desconcertante a baixa eficiência na deteção dos problemas por parte de quem nos olha através de ecrãs; nós sentimos que podíamos ter impacto a colmatar estas falhas”. Mauro Peixe gosta de se “sentir desafiado todos os dias” para resolver problemas em que veja o impacto direto do que está a criar.

As conquistas são já várias: “num ano, passámos do escritório mais pequeno para o maior da StartUp Lisboa, estamos a crescer a 600%, com uma equipa que se identifica com os problemas que estamos a resolver”, refere o CEO.

“O mais gratificante”, de acordo com o CTO, “foi perceber que tínhamos razão e que o problema pode ser resolvido. As empresas estão a aperceber-se disto e querem trabalhar connosco. O impacto está a ser multiplicado por centenas de milhares por cada uma destas empresas, a scalability.”

Gostavam que as empresas portuguesas tivessem “a mesma abertura do que as estrangeiras para a inovação.” Os primeiros clientes foram empresas alemãs, espanholas, francesas. “Lá fora, são mais suscetíveis ao risco e não encaram a inovação como um risco”. Há fatores diferenciadores, como por exemplo, as empresas abrirem concursos online para trabalharem com start-ups internacionais. “Foi assim que conseguimos alguns clientes”. Em Portugal, trabalham com a Brisa e têm parcerias com a Vodafone, a Cisco e a Everis.

Sobre os perigos de utilização da AI, afirmam que “o problema é dos humanos que estão por detrás do software. Uma máquina não aprende sozinha”. Mauro Peixe conta a história de quando a Microsoft ligou uma máquina a uma conta do twitter, com liberdade para tweetar o que quisesse e interagir com seguidores. Poucas horas depois, a máquina “estava pronta para iniciar um novo holocausto. Porque as pessoas a incentivaram a isso, ou seja tweetaram frases racistas e obscenas, e a máquina assumiu que ser assim era o correto”. Não é preciso ser AI, “basta um drone programado para abater pessoas por alguém com um joystick a 5 mil quilómetros de distância”. A solução é “uma legislação pró-ativa. Os perigos da AI são uma realidade, mas esta não é mais do que uma ferramenta.”

Promovidos pelo CaixaBank, através do seu serviço para empresas tecnológicas e investidores – o DayOne –, os PEXXI são o impulso para as empresas jovens e inovadoras acelerarem o processo de crescimento e de expansão global.  As candidaturas à edição de 2018/2019 estão abertas até 12 de Dezembro, em http://www.emprendedorxxi.es/pt-pt/.

Saiba mais em https://www.bancobpi.pt/particulares/premios-empreendedor-xxi-2018.