Entre 19 de novembro e 28 de fevereiro de 2021, o MNAA, com o apoio do BPI e da Fundação "la Caixa", recebe a exposição temporária «Guerreiros e Mártires. A Cristandade e o Islão na Formação de Portugal», a assinalar os 800 anos do martírio de um grupo de franciscanos italianos, que foram mortos no Norte de África, em 16 de janeiro de 1220, e ficaram conhecidos como «Os Mártires de Marrocos».
O comissariado da exposição está a cargo de Santiago Macias e Joaquim Oliveira Caetano, o diretor do MNAA. O martírio de cinco frades franciscanos, às mãos do poder almóada, é muito mais que um simples ato de vingança sobre evangelizadores vindos da Europa. Ocorre num momento charneira da Reconquista. Desde 1147, com a tomada de Santarém e de Lisboa, que o avanço cristão sobre o sul se tornava, a cada passo, mais notório. A exposição, que tem como pano de fundo este século intenso, procura contextualizar o martírio dos franciscanos no panorama político, religioso, cultural e social do seu tempo, propondo uma reflexão, à luz dos nossos dias, sobre este momento derradeiro da Reconquista do ocidente peninsular. Numa altura em que, em simultâneo, se luta e se reza, foram muitos os elementos de afirmação política que nos foram deixados e que se projetaram, ou prolongaram, ao longo de muitos séculos. Por exemplo, a canonização dos mártires cristãos em Marrocos vem a acontecer na segunda metade do século xv, num contexto de guerra e expansão europeia no Norte de África, e da reivindicação do estatuto de Mártir para o Infante D. Fernando, cativo e morto nessa mesma expansão.
Para a evocação deste momento, no quadro do nascimento da nacionalidade portuguesa, a exposição apresenta várias peças que enquadram e dão visibilidade a este período, numa distribuição que engloba seis núcleos expositivos:
1) Portugal na Espanha Árabe (introdução com a apresentação de peças emblemáticas das culturas cristã e muçulmana);
2) Viver em Tempos de Cruzada (objetos do quotidiano das duas civilizações);
3) Iconografia dos Mártires em Marrocos (criação da iconografia e início do culto dos Mártires de Marrocos);
4) Guerrear (os testemunhos da Guerra nas duas culturas);
5) Rezar (a religião presente no quotidiano cristão e muçulmano);
6) Identificação de um País (os contributos cristão e muçulmanos na construção da identidade portuguesa).
O projeto conta com a participação de cerca de 50 instituições de Portugal e Espanha, e enquadra-se nas Comemorações/ Jubileu dos Santos Mártires de Marrocos.
HORÁRIO DA EXPOSIÇÃO
Terça a domingo das 10h às 18h, exceto o fim de semana de 21 e 22 de novembro, das 10h às 13h
Devido ao atual contexto de pandemia, os horários do MNAA podem sofrer alterações consoante as diretrizes legais.