Programa CaixaImpulse

Selecionados três projetos biomédicos portugueses.
26-08-2020
  • Selecionados 23 projetos de investigação e inovação biomédica no âmbito do programa CaixaImpulse, entre os quais três portugueses, com o objetivo de impulsionar a transferência de tecnologia para gerar valor na sociedade. 
  • As iniciativas estão centradas em resolver grandes desafios da saúde, como a utilização da inteligência artificial para tratar distúrbios neurológicos, a utilização de terapia de localização cutânea para a psoríase, a utilização de micro-ondas para detetar falhas dos stents implantados em doentes que sofreram um AVC ou a utilização de alvos para combater as metástases do cancro do pulmão, entre outros. 
  • A Fundação ”la Caixa” e a Caixa Capital Risc lançaram o programa CaixaImpulse em 2015. Graças a esta iniciativa, foram destinados, em cinco anos, 10,6 milhões de euros para impulsionar 102 projetos, 23 dos quais já se tornaram spin-offs, estando dois deles em processo de licenciamento. 
  • “O programa CaixaImpulse desempenha um papel crucial no estabelecimento da ponte entre a investigação biomédica e o empreendedorismo, que contribui para ultrapassar o obstáculo a que chamamos death valley, o ponto morto em que ficam muitos projetos, que não chegam ao mercado por falta de apoio financeiro. A finalidade é que os resultados da investigação ofereçam novas soluções para dar resposta a grandes desafios da saúde e se reflitam nos doentes e na sociedade em geral”, disse Àngel Font, diretor de Investigação Científica da Fundação ”la Caixa”. 
  • A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no CaixaBank. Em 2020 destina 30 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica.  

 A Fundação ”la Caixa” deu a conhecer os 23 projetos, três dos quais portugueses, selecionados no programa CaixaImpulse, nas suas duas linhas de atuação. A primeira delas, CaixaImpulse Validate, nasceu há cinco anos para apoiar projetos incipientes no processo de transferência de tecnologia. E, no ano passado, foi lançada uma nova linha, CaixaImpulse Consolidate, com o objetivo de oferecer acompanhamento aos projetos em estados posteriores de desenvolvimento, contribuindo, assim, para transpor o “vale da morte”, atrair financiamento de investidores privados e, por último, chegar ao mercado. Desta forma, o programa CaixaImpulse ampliou o alcance da sua influência, acompanhando os projetos de inovação durante mais etapas do processo de transferência de tecnologia. O derradeiro objetivo é conseguir que estas iniciativas, saídas do laboratório, acabem por melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Vinte novas iniciativas biomédicas, das 109 apresentadas, foram as escolhidas na convocatória do CaixaImpulse Validate. Do total de iniciativas apresentadas, 95 têm origem em centros de investigação, universidades e hospitais de Espanha, nove de Portugal, uma da Alemanha, uma da Croácia, uma de França, uma de Itália e uma da Suécia.

Depois de avaliados os projetos, a comissão de especialistas selecionou 20 projetos. Dez deles inserem-se na área das terapias e do desenvolvimento de medicamentos, e os dez restantes são projetos MedTech, que incluem técnicas de diagnóstico, dispositivos médicos e projetos de saúde digital.

A nível territorial, os projetos provêm de diferentes comunidades autónomas de Espanha. A eles somam-se duas iniciativas propostas em Portugal.

Na convocatória do CaixaImpulse Consolidate, foram apresentados 40 projetos, dos quais foram selecionadas três iniciativas: duas de Espanha e uma de Portugal. As duas primeiras, inseridas na área dos dispositivos médicos, incluem um exoesqueleto leve para a reabilitação neurológica de doentes que sofreram um AVC e um adesivo bioabsorvível que promove a regeneração em casos de dissecção da aorta. Estes projetos já foram selecionados na convocatória do CaixaImpulse Validate, o que reforça ainda mais a solidez das iniciativas para se constituírem em empresas.
 

Processo de seleção e painel de especialistas

Os projetos apresentados passaram por um processo de seleção constituído por duas fases. Na primeira, todas as propostas recebidas são avaliadas em formato de peer review por especialistas e profissionais do ramo das ciências da vida e da saúde, assim como do mundo empresarial. Na segunda fase, os líderes dos projetos com melhor pontuação defendem a sua proposta numa entrevista presencial perante um painel formado por especialistas europeus de diferentes áreas (companhias farmacêuticas, Business Schools, e empresas de saúde e biotecnológicas).

No painel de especialistas participaram, entre outros: Andrés G. Fernández, diretor da Ferrer Advanced Biotherapeutics, Yolanda Casas, Enterprise Sales Manager da Abbott, José Luis Cabero, CEO da Aelix Therapeutics, Laura Sampietro, subdiretora de Inovação do Hospital Clínic de Barcelona, Ricardo Perdigão, International Business Analyst da ‎BIAL e Ian Cotgreave, diretor de Desenvolvimento Científico Estratégico da Swetox (Suécia).

Para contribuir para o sucesso das 23 iniciativas selecionadas, o CaixaImpulse oferece: 

  • Apoio financeiro. Uma ajuda que ascende a 100 000 €, no caso do Validate, e que vai até aos 300 000 €, no do Consolidate, para cada um dos projetos, destinada à execução dos planos de valorização e de negócio do ativo.
  • Programa de acompanhamento. Os participantes têm acesso a um programa de oito meses constituído por ações de orientação (mentoring), formação, aconselhamento especializado e oportunidades para criação de contactos importantes para o seu projeto. No caso do Consolidate, o acompanhamento é totalmente ad hoc, conforme as necessidades de cada projeto.
  • Feedback sobre cada projeto por parte da indústria, do mercado e dos especialistas de referência, com um plano de valorização e de comercialização validado por mentores e especialistas.
  • Imersão na realidade do mercado. Uma das características distintivas do programa é que oferece às equipas dos projetos participantes, nascidos e desenvolvidos num ambiente académico e de investigação, uma imersão na realidade do mercado que lhes permitirá comparar a sua proposta de valor do ativo, adaptá-la e maximizar, assim, as probabilidades de sucesso da transferência. 


Em ambas as convocatórias, os critérios de seleção dos projetos baseiam-se em quatro requisitos: 

  • Qualidade da ciência e viabilidade técnica do ativo: nível de inovação e desenvolvimento do ativo, e estado de proteção da propriedade intelectual.
  • Potencial de transferência: identificação da oportunidade de mercado e da necessidade que é suprida.
  • Implementação, execução e plano de desenvolvimento: ações de valorização que contribuem para o avanço do projeto no sentido da comercialização, capacidades da equipa do projeto e envolvimento do líder do projeto.
  • Impacto social e inovação responsável: envolvimento de agentes sociais e grau de contribuição para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. 

Êxito das convocatórias anteriores

Os avanços dos 102 projetos participantes nas edições anteriores do programa atestam a iniciativa. Desde o início do programa, as equipas dos projetos participantes beneficiaram de mais de 2000 horas de mentoring e aconselhamento, mais de 700 horas de formação e mais de 1000 reuniões com especialistas. Foram igualmente constituídas 26 spin-offs e angariados 8,7 milhões de euros provenientes de outras fontes de financiamento.

Os projetos participantes na edição anterior destacam-se pelo envolvimento de toda a indústria, que nos seus diferentes papéis, forneceu conhecimento e experiência a todas as atividades incluídas na iniciativa. Também foi avaliada de forma muito positiva a orientação para o mercado proporcionada pelo programa, que permite maximizar as possibilidades de sucesso, assim como a flexibilidade e a personalização para adaptação às necessidades de cada projeto.

Projetos portugueses selecionados na convocatória de 2019 do programa CaixaImpulse Validate
 

  • Biossensor portátil para o diagnóstico e controlo da insuficiência cardíaca
    Investigadora: Inês Mendes Pinto. Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. Braga, Portugal


A insuficiência cardíaca (IC) afeta, pelo menos, 26 milhões de pessoas em todo o mundo, que necessitarão de se dirigir a um hospital com frequência para a colheita de uma amostra de sangue venoso para controlar a sua doença. A deteção de biomarcadores noutros fluidos e secreções disponíveis permite facilmente um diagnóstico mais precoce e um controlo mais frequente da IC. O biossensor “Heart Failure-Chip” portátil permite detetar biomarcadores de IC em lágrimas, e outros fluidos e secreções corporais facilmente disponíveis. Este chip melhorará o diagnóstico e o controlo da progressão da doença, o que permitirá intervenções terapêuticas atempadas e personalizadas.
 

  • Terapia genética para lesões da medula espinal
    Investigadora: Diana Machado.  i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto – Associação. Portugal

Todos os anos, entre 250 000 e 500 000 pessoas sofrem uma lesão na medula espinal em todo o mundo. Os doentes podem apresentar uma grande variedade de sintomas incapacitantes, como a perda da função motora, a perda de controlo dos esfíncteres e a incapacidade de regular a pressão sanguínea. Até à data, não existem tratamentos eficazes, porque os nervos espinhais não se conseguem regenerar. Agora, foi identificada uma proteína que potencia a regeneração neuronal após uma lesão no nervo ciático e na medula espinal. O objetivo é criar uma terapia genética para transferir estas descobertas para as lesões da medula espinal humana.
 

Projetos portugueses selecionados na convocatória de 2019 do programa CaixaImpulse Consolidate
 

  • Estudo das células tumorais circulantes para monitorizar a dinâmica do cancro.
    Investigadora: Lorena Diéguez. Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. Portugal


As células tumorais circulantes (CTC) libertam-se do tumor primário no sangue periférico e são responsáveis pela propagação do cancro a outras partes do corpo (metástases). A análise de CTC (biópsia líquida) permite um seguimento contínuo não invasivo do cancro através de uma análise de sangue. Este projeto tem como objetivo testar esta tecnologia de microfluídica numa coorte de 70 doentes com cancro para avaliar o valor prognóstico da caracterização de células como CTC. Desta forma, será proporcionada aos oncologistas uma ferramenta capaz de oferecer informações personalizadas para o tratamento dos seus doentes.