Diário Financeiro

6 de Julho de 2017
Diário Financeiro 07.07.2017

Em geral, na Zona Euro, as yields da dívida soberana dos estados-membros nas várias maturidades subiram de forma significativa, com os investidores a apostar na possibilidade da autoridade monetária europeia vir a sinalizar uma política monetária menos expansionista, seguindo o ciclo de normalização das taxas de juro em curso nos EUA. A atenção está agora centrada no BCE, acreditando-se que em breve (até final do ano) será anunciada a agenda de remoção gradual das medidas monetárias extraordinárias de suporte às economias. Com efeito, o BCE poderia anunciar o início do tapering já em Setembro, embora exista receio de que possa provocar turbulência ao nível dos mercados financeiros. Quanto às minutas da Fed, relativas à reunião de 13-14 de Junho, ficou a saber-se que há participantes no FOMC a defender a redução do balanço da Reserva Federal dentro dos próximos meses (processo de secagem de liquidez). Ainda assim são visíveis divisões acerca da perspectiva de evolução da inflação e em relação ao ritmo das futuras subidas das taxas de juro. A yield do Bund a 10 anos encontra-se presentemente nos 0.55%, tendo ultrapassado o anterior máximo de médio prazo que se situava nos 0.51%. Já a yield da dívida espanhola e portuguesa a 10 anos aumentou para 1.66% e 3.03%, respectivamente. Outro facto relevante foi o leilão de dívida francesa a 30 anos não ter corrido como o esperado, tendo a procura sido superior à oferta em apenas 1.5 vezes. O mercado encarou este acontecimento de forma negativa. Neste contexto, para além da subida generalizada das yields, as bolsas europeias registaram movimentos de venda e o EUR/USD mostrou um aumento da volatilidade, no sentido da apreciação do euro.

Na sessão de ontem, Espanha vendeu 4.3 mil milhões de euros (mme) de dívida em leilão com a maioria das yields a subir. O Tesouro tinha como objectivo vender entre 500 milhões e mil milhões de euros em dívida a vencer em 2030, indexada à inflação, e entre 3 mme e 4 mme de títulos com vencimento em 2022, 2040 e 2046. Na emissão com vencimento a 30 de Novembro de 2030 foram colocados 656 milhões de euros, com a taxa média a fixar-se em 0.858% e a procura a cobrir a oferta em 1.3 vezes. Na emissão mais curta, de 30 de Abril de 2022, foram colocados 1.6 mme, com a taxa média a subir para 0.337%, e a procura a superar a oferta em 2.3 vezes. Na emissão de 30 de Julho de 2040 colocou 622 milhões de euros à taxa de 2.646%, com a procura a ser superior a oferta em 1.9 vezes. Na emissão mais longa, de 31 de Outubro de 2046 foram emitidos 1.4 mme, com a yield a fixar-se em 2.904% e a procura a cobrir a oferta em 1.3 vezes.