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Alterações climáticas


  • É urgente fazer uma agricultura mais amiga do ambiente
  • Ciência: O conhecimento pode tornar a produção menos agressiva para o Planeta
  • O aquecimento global tem consequências na paisagem, no território e na saúde
  • O Prémio Nacional de Agricultura apoia projetos sustentáveis

As alterações climáticas e a agricultura

Seca ameaça setor agrícola

O alarme há muito que soou à escala global: se continuarmos com incrementos anuais das emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) superiores a duas partes por milhão (ppm) em volume de ar, estaremos a pouco mais de vinte anos de atingir o limite crítico de aumento de 2 graus da temperatura média global - garantem os especialistas.

O problema das alterações climáticas exige, por isso, soluções à escala planetária e individuais, que devem começar dentro de cada casa, empresa e setor, sobretudo daqueles que são simultaneamente parte do problema e da solução, como é o caso da agricultura.

Segundo dados da União Europeia, a diminuição significativa de animais, a aplicação mais eficiente dos adubos e a gestão do estrume reduziram em 24% as emissões do setor agrícola da UE entre 1990 e 2012. Mesmo assim, a economia rural é responsável por 10% das emissões totais de gases com efeito de estufa (GEE).

Embora a produção de alimentos seja uma necessidade básica (e crescente nos países em vias de desenvolvimento), é consensual a urgência de apostar em métodos mais próximos da natureza, que minimizem o esgotamento dos recursos e que promovam a sustentabilidade do setor. São projetos eficazes no âmbito da sustentabilidade que o Prémio Nacional de Agricultura, promovido pelo Correio da Manhã, Jornal de Negócios, BPI e pelo Ministério da Agricultura, pretende premiar e promover.

Calor pode matar mais

O físico e antigom eteorologista Manuel Costa Alves defende que o futuro associado ao aumento global das temperaturas deverá trazer a Portugal um clima “mais adverso”.

“Embora de repercussão mais lenta, a subida do nível do mar, conjugada com situações mais frequentes de vento muito forte, originará um incremento dos já conhecidos (e sofridos) processos erosivos do litoral. E teremos ainda mais situações de emergência de proteção civil onde a ocupação humana se expandiu. Ou as repetidas catástrofes na floresta”, afirma.

Para as populações, as sucessivas ondas de calor poderão ser catastróficas. “Entre 2003 e 2013, faleceram 6320 pessoas vitimadas por causas relacionadas com a exposição a calor excessivo - dados do Instituto Ricardo Jorge. Nesse período de 11 anos, perderam prematuramente a vida mais de 1000 pessoas em cada um dos verões de 2003, 2006, 2009 e 2013. Entre 1980 e 2003 (em 24 anos), tinham-se registado dois verões (1981 e 91) com ondas de calor que geraram excedentes de mortalidade superiores a mil, em cada um desses anos. Até 2013, as autoridades divulgavam os excedentes de mortalidade produzidos pelas ondas de calor, mas deixaram de o fazer. Ainda não interiorizámos que as ondas de calor possuem duas frentes de catástrofe: na floresta e na saúde. São a catástrofe que mais mata”, avisa.

Veja aqui a entrevista completa com Manuel Domingos Lopes, Diretor do Departamento de Engenharia Florestal e Arquitetura Paisagística da DA UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.