Génesis de Sebastião Salgado em Leiria

De 23 de janeiro a 19 de fevereiro de 2020.
23-01-2020

A Vice Presidente da Câmara Municipal de Leiria, Anabela Graça, e a Diretora de Gestão Territorial da Fundação "la Caixa" em Portugal, Maria João Cabral, inauguraram hoje a exposição Sebastião Salgado. Génesis. Arte na rua.

Dentro da sua programação cultural, a Fundação ”la Caixa” presta uma atenção preferencial às manifestações artísticas mais contemporâneas, as dos séculos XX e XXI. Através das suas exposições sobre cinema e fotografia, a Fundação pretende mostrar a influência das imagens na sensibilidade contemporânea e destacar o papel dos grandes criadores visuais do século XX na nossa forma de ver o mundo.

Com o seu programa Arte na rua, a Fundação ”la Caixa” pretende transformar  o espaço público num museu ao ar livre e levar ao público o trabalho de artistas de renome internacional. O programa Arte na rua iniciou-se em Espanha em 2006, e desde então, tem dado a conhecer ao público as criações de artistas contemporâneos como Manolo Valdés ou Igor Mitoraj, assim como referências da modernidade como Auguste Rodin ou Henry Moore. As exposições cumprem uma função social: são uma ferramenta de conhecimento e de integração ao alcance de todos, o que representa o derradeiro objetivo da Fundação ”la Caixa” no plano cultural.

É neste quadro que a Fundação “la Caixa”, em conjunto com o BPI e em colaboração com a Câmara Municipal de Leiria, apresenta em Leiria a exposição Génesis, que mostra o excecional trabalho do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Trata-se do seu terceiro projeto a longo prazo sobre temas globais, após os seus anteriores trabalhos Trabalhadores e Êxodos. Se nestes projetos retratou a condição humana e evidenciou as desigualdades do mundo atual mediante uma linguagem plástica pessoal, profunda, poética e de alta qualidade formal, em Génesis coloca o foco no mundo natural e convida-nos a interrogarmo-nos acerca do estilo de vida humano atual e o seu impacto nos recursos naturais do planeta.

Nascido em 1944 em Aimorés, Minas Gerais (Brasil), Salgado estudou Economia, mas dedica-se por completo à fotografia desde os 29 anos. Depois de trabalhar para as agências Sygma e Gamma, em 1979 entrou na Magnum Photos, onde permaneceu até 1994, ano em que criou, junto com Lélia Wanick Salgado, a Amazonas Images, uma agência dedicada exclusivamente à sua obra. Em 2001 foi nomeado embaixador especial da UNICEF, e entre os seus inúmeros reconhecimentos recebeu em 1998 o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes.

Sebastião Salgado.
Génesis. Arte na rua

 
De 23 de janeiro a 19 de fevereiro de 2020

Praça de Goa Damão e Diu
Leiria
                                 

Visitas para o público em geral

Sábados às 18h e domingos às 12h. Sem necessidade de marcação prévia.
Ponto de encontro: início da exposição.
 
Visitas de grupos

Com marcação prévia através do número: 800 780 344
 
Entrada gratuita

Génesis: uma homenagem sem precedentes ao esplendor da natureza

Em finais de 1990, após várias décadas de trabalho em todo o mundo a fotografar as grandes transformações demográficas e culturais do nosso tempo, Sebastião Salgado regressou ao seu lugar natal, uma quinta de criação de gado no Vale do Rio Doce, no estado de Minas Gerais, no Brasil. As terras antes férteis, rodeadas de vegetação tropical, com uma exuberante diversidade de espécies vegetais e animais, tinham sido vítimas de um processo de desflorestação e erosão. A natureza parecia esgotada. A sua esposa, Lélia Wanick Salgado, teve a ideia de replantar um bosque com as mesmas espécies autóctones, recriando o ecossistema que Salgado tinha conhecido quando criança. Pouco a pouco os animais foram regressando, até se conseguir um completo renascer, e atualmente a quinta é um espaço protegido.

Esta experiência encontra-se na base do projeto fotográfico Génesis. No início, foi concebido como denúncia do desaparecimento de espaços únicos do planeta, mas as vivências quotidianas da quinta do Vale do Rio Doce levaram Salgado a mudar o caminho da sua investigação. Ao longo de oito anos, em trinta e duas viagens a lugares remotos de todo o planeta, localizou paisagens terrestres e marítimas, ecossistemas e comunidades humanas que se mantiveram intactas.

O resultado é um canto à majestosidade e fragilidade da Terra, assim como um aviso daquilo que se pode perder devido à ação humana. Génesis reúne impressionantes imagens de paisagens e vida selvagem junto de retratos íntimos de comunidades humanas que continuam a viver de acordo com as suas tradições ancestrais. Salgado capta alguns dos locais mais remotos do planeta, mostrando um mundo natural onde o impacto humano foi mínimo. Assim, a mostra permite descobrir imagens extraordinárias de gigantescos desertos e terras geladas da Antártida, florestas tropicais e temperadas, cordilheiras de presença imponente, etc.

O próprio fotógrafo explica-o assim: «Os meus projetos anteriores foram périplos através das tribulações da humanidade. No entanto, este foi a minha homenagem ao esplendor da natureza. Ao viajar a pé, em embarcações, avionetas e balões, enquanto fotografava vulcões, icebergs, desertos e selvas contemplei um mundo que não mudou em milénios. Além disso, com os animais no seu habitat natural, desde pinguins, leões marinhos e baleias do Antártico e do Atlântico Sul até leões, gnus e elefantes de África, senti que era um privilégio contemplar os ciclos da vida em contínua repetição».

A exposição, comissariada por Lélia Wanick Salgado, é formada por 38 fotografias num épico preto e branco que são o testemunho de uma longa coexistência dos humanos com a natureza, e uma ode visual a um mundo que devemos proteger.

Génesis estrutura-se em cinco secções, cada uma delas representando uma extensa região com vários ecossistemas e grupos humanos: «Os confins do sul», Geórgia do Sul, as Malvinas, a península de Valdés e as ilhas Sandwich; «Santuários», as ilhas Galápagos, Indonésia, e os ecossistemas de Madagáscar; «África», do delta do Okavango no Botsuana e o parque de Virunga na tripla fronteira entre o Congo, Ruanda e Uganda, ao deserto da Argélia; «As terras do norte», paisagens do Alasca e da meseta do Colorado nos Estados Unidos, o Parque Nacional de Kluane na ilha de Baffin (Canadá) e as regiões setentrionais da Rússia, o norte da Sibéria e a península de Kamchatka; «A Amazónia e o pantanal», a confluência dos rios Negro e Solimões em Manaus, os parques nacionais de Canaima (Venezuela) e de Xingú (Brasil), e o Pantanal, a maior zona húmida do mundo, que se estende pelo Brasil, Bolívia e Paraguai.

A Fundação ”la Caixa” iniciou em 2018 a sua implantação em Portugal, consequência da entrada do BPI no CaixaBank. Em 2019, destinou 20 milhões de euros a projetos sociais, de investigação, educativos e de divulgação cultural e científica.