Exposição O Vosso/Nosso Futuro é Agora de Olafur Eliasson

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Em Serralves até 14 de junho de 2020. BPI e Fundação "la Caixa" são mecenas da exposição.
05-08-2019

Olafur Eliasson é conhecido por criar obras de arte que atravessam as fronteiras dos espaços de exposição convencionais - como o museu e a galeria - para assumirem uma presença ativa no espaço cívico. Nesta exposição em Serralves, Eliasson convida os visitantes a viajarem através de uma série de instalações e de esculturas recentemente criadas, de grande escala que ao invocarem ciclos, arcos e curvas incorporam movimento.

Colocadas ao longo do hall do Museu, na galeria central do edifício projetado por Siza e no Parque de Serralves, as obras de arte vão buscar a sua inspiração a fenómenos da natureza. A Yellow Forest (Floresta amarela), 2017, um grupo circular de bétulas iluminadas por um anel de lâmpadas de monofrequência amarelas, desafia as perceções do natural e do artificial. Um grande pavilhão, The curious vortex (Curioso vórtice), 2019, com um turbilhão na forma de um vórtice. E três novas esculturas, Human time is movement ((winter, spring, summer)) (O Tempo Humano é Movimento (Inverno, Primavera e Verão)), 2019, formadas por uma série de espirais de aço inoxidável, preto e branco, concebidas especialmente para esta exposição em Serralves.

“Vórtices, ciclos, espirais e correntes compõem O VOSSO/NOSSO FUTURO É AGORA – estão presentes nos troncos flutuantes, nas esculturas e no pavilhão instalado no exterior; nos anéis flutuantes e no bosque circular de árvores com folhas estranhamente amarelas no interior. Espero que na sua viajem através desta exposição sinta estes movimentos a um nível visceral e sinta como as trajetórias individuais de cada elemento se cruzam e se afetam umas às outras. ”- Olafur Eliasson

Com o objetivo de fomentar o diálogo entre o interior e o exterior, a seleção de obras reflete a já de si forte relação que a Fundação de Serralves desenvolveu entre o ambiente construído - um edifício concebido pelo vencedor do Prémio Pritzker, Álvaro Siza Vieira - e um Parque envolvente que constitui um contributo significativo para a educação e consciencialização da sociedade para a importância da proteção do património paisagístico e a necessidade de conciliar espaços que são eles próprios um património com manifestações e processos culturais determinados pela sociedade contemporânea, sem prejudicar a sua integridade e permanência. O reconhecimento da singularidade do Parque de Serralves levou a que tivesse conquistado o Henry Ford Prize para a preservação do ambiente em 1997 e, mais recentemente, em 2012 (juntamente com o Museu concebido por Álvaro Siza e a Casa art deco) sido classificado pelo governo português como Monumento Nacional. Em 2015, a editora Phaidon incluiu os jardins de Serralves no livro The Gardener's Garden uma seleção dos 250 jardins mais notáveis do mundo, indicado por um painel internacional de especialistas e que agora acolhem a genialidade de Olafur Eliasson.

Olafur Eliasson: O vosso/nosso futuro é uma exposição organizada pela Fundação de Serralves - Museu de Arte Contemporânea de Serralves em parceria com o Studio Olafur Eliasson, Berlim, neugerriemschneider, Berlim, e a Galeria Tanya Bonakdar, Nova Iorque / Los Angeles, e é comissariada por Philippe Vergne, Marta Moreira de Almeida e Filipa Loureiro.

Uma publicação acompanhará a exposição. Documentando os trabalhos de Olafur Eliasson em Serralves e incluindo uma contribuição original do premiado escritor português Gonçalo M. Tavares, o catálogo integra a sua visão sobre as ideias por trás dos trabalhos do artista.
 
No interior
No hall do museu, os visitantes são convidados a percorrer um caminho definido pela Yellow forest (2017), uma obra originalmente concebida em colaboração com o arquiteto paisagista Günther Vogt. Uma floresta artificial, formada por dois grupos de bétulas que ocupam e redefinem o espaço arquitetónico do museu. Dentro dessa floresta circular, a luz emitida por um anel de lâmpadas de monofrequência amarela altera as perceções cromáticas dos visitantes, fazendo-os ver todas as cores como tons de cinza, amarelo ou preto. A interferência nos processos de perceção do espectador, através da desconstrução espacial, cromática e luminosa, refere-se à ideia de que a floresta é um lugar de sonho, um espaço de conexão entre o homem e a terra. Ao mesmo tempo, Yellow Forest é um organismo vivo, em constante mudança.

A relação da humanidade com o ambiente também é abordada em The listening dimension (orbit 1, orbit 2, orbit 3) (A dimensão da audição (órbita 1, órbita 2, órbita 3), 2017, apresentada na galeria central do museu. Ao entrar nesse espaço, o visitante encontra espelhos do tamanho de paredes e grandes anéis que parecem flutuar no espaço. Aparentemente desafiando as leis da física e da ótica, essas obras produzem um efeito desestabilizador e perturbador. A repetição dos elementos através das superfícies reflexivas expande o tamanho da sala e absorve cada visitante, cuja interação individual com o trabalho é fundamental, pois os seus movimentos influenciam a maneira como todo o trabalho é compreendido e vivenciado. O efeito cuidadosamente fabricado lança dúvidas sobre a nossa perceção linear do espaço, a fronteira entre a realidade e a representação, a relação entre o conhecimento e a experiência do visível. Esta instalação abre um diálogo entre a exposição e as esculturas instaladas no parque. 

No exterior

Na rotunda das Liquidâmbares, o The Curious Vortex, 2019, está ligado à pesquisa de Eliasson sobre a geometria, a construção de espaços e criação de ambientes, bem como às suas reflexões sociais e culturais. A forma deste grande pavilhão em aço inoxidável é inspirada pelos movimentos de um vórtice, um fenómeno natural criado por uma massa de vento em movimento giratório e água. O artista relaciona esse fenómeno da natureza ao trabalho das instituições museológicas na sociedade contemporânea: assim como a força de um turbilhão se desenvolve em torno de um centro rotativo, os museus também têm a capacidade de canalizar pensamentos, ideias, sentimentos e afetos. Este trabalho convida os visitantes a pensarem sobre a sua relação com as múltiplas potencialidades do museu e do próprio mundo - o facto de que tudo está em perpétuo movimento, em permanente mudança. A colocação deste trabalho num espaço exterior, exposto aos elementos e ao ciclo do dia e da noite, evidencia a relação entre o observador, o movimento, a mudança e a temporalidade.

Na Clareira dos teixos encontramos as obras Human time is movement (winter, Spring, summer), 2019. A matemática é a base para o projeto que reúne três espirais, de aço inoxidável em preto e branco, que formam linhas que se desenvolvem no espaço como se fossem desenhos tridimensionais. Variações sobre uma curva de Clelia, uma linha criada traçando um ponto à medida que ele se move ao longo de dois eixos de uma esfera simultaneamente, as formas notavelmente diferentes comunicam a passagem do tempo, corporizada pelo movimento.

Regressando a uma tipologia de obras já apresentadas noutros contextos, Eliasson distribuiu o Arctic tree horizon  (horizonte da árvore do Ártico), em 2019, no parque ao redor do edifício do museu, como se os troncos de madeira flutuante tivessem sido arrastados para lá. A Islândia tem poucas árvores e nesta ilha não há florestas, mas troncos abundantes podem ser encontrados ao longo da sua costa, para onde foram trazidos, desde a Sibéria, pelas correntes marítimas e pela deriva de gelo polar. Eliasson recolhe esses troncos, salgados pelo oceano e branqueados pelo sol, e  redistribui esses elementos naturais em locais que lhes são estranhos mas que lhes dão um novo significado. Para esta exposição, o artista revestiu a madeira destes troncos com tinta preta que sugere alcatrão - um material usado anteriormente para vedar o casco de navios contra a infiltração da água do mar - criando marcos na paisagem que evocam pensamentos sobre migração, circulação e o imenso sistema ecológico que habitamos.

Sobre Olafur Eliasson

Olafur Eliasson (n.1967) cresceu na Islândia e na Dinamarca. Em 1995, fundou o Studio Olafur Eliasson em Berlim, que hoje conta com mais de cem colaboradores, incluindo artesãos, arquitetos, arquivistas, investigadores, cozinheiros, programadores, historiadores de arte e técnicos especializados. Desde meados da década de 1990, Eliasson realizou várias grandes exposições e projetos em todo o mundo. Em 2003, o projeto The Weather, instalado no Turbine Hall da Tate Modern, foi visto por mais de dois milhões de pessoas; a sua exposição Individual In the real life inaugurou no prédio Blavatnik da Tate Modern em julho de 2019. Os projetos de Eliasson em espaço público incluem o Serpentine Gallery Pavilion 2007, projetado com Kjetil Thorsen para o Kensington Garden de Londres; The New York City Waterfalls, 2008; e Ice Watch, para o qual Eliasson e o geólogo Minik Rosing transportaram enormes blocos de gelo glacial da Groenlândia para Copenhaga (2014), Paris (2015) e Londres (2018) para aumentar a consciencialização sobre as mudanças climáticas. Em 2012, Eliasson fundou um negócio de cariz social Little Sun, e em 2014, ele e o arquiteto Sebastian Behmann fundaram o Studio Other Spaces, um escritório de arte e arquitetura.

Visite o site olafureliasson.net; studiootherspaces.net; ou littlesun.com ou siga @olafureliasson no Twitter; @studioolafureliasson e @soe_kitchen no Instagram; e @studioolafureliasson no Facebook.

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves é o principal museu de arte contemporânea em Portugal e uma das instituições europeias de maior renome na área da arte e culturas contemporâneas. Com uma localização única, nos terrenos da Fundação de Serralves no Porto (que também inclui um parque de 18 hectares, a Casa de Serralves, um edifício histórico em estilo art déco, e a recém inaugurada Casa do Cinema Manoel de Oliveira), o Museu desenhado por Álvaro Siza abriu em 1999. Através das suas exposições, coleções, publicações, artes performativas e programas públicos, Serralves fomenta a compreensão e valorização da arte e cultura contemporâneas em Portugal e no mundo.

BPI e Fundação “La Caixa”: 20 milhões de euros para 2019
A Fundação La Caixa iniciou as suas atividades em Portugal em 2018, após a entrada do BPI no CaixaBank. No ano passado, a Fundação destinou 12 milhões de euros para projetos sociais, de pesquisa, educacionais, culturais e de divulgação científica. Seu investimento total em 2019 será de € 20 milhões. O apoio a pessoas com doenças avançadas e suas famílias é uma das linhas estratégicas de ação do plano, que também inclui a promoção de emprego para grupos vulneráveis, apoio a projetos de pesquisa e disseminação de cultura e ciência.